sábado, dezembro 29, 2007

Um dia Suburbano-depressivo de nevoeiro


Hoje acordei bem disposto. Só podia, com o sol que irradiava pela janela. Deu-me o saudosismo e pus-me a caminho da outra margem.

E qual não é o meu espanto com o nevoeiro cerradíssimo que me deparo logo na entrada da ponte. A margem-sul é de facto um micro clima à parte! (apenas um aparte: acho que a RadaR já mudava para uma frequência melhorzinha. Queria ouvir o "Fala com Ela" e era sempre interrompido com uma porcaria de uma mensagem da RádioTaxis de Lisboa durante o meu trajecto)

Não há mal nenhum, também gosto de nevoeiro. A ponte estava limitada a 80 km/h, mas o Campeão queria esticar as rodas. Ignorei por isso o oportuno post da prevenção rodoviária que a sócia aqui colocou o outro dia. Fiz mal, é certo, mas em 15 min cheguei ao meu destino. (aquilo é que foi passar por Mercedes e BM’s!)

Mal cheguei, ouvi os habituais “agasalha-te” ou “estás tão magrinho”. Então ando eu a criar uma charmosa barriguinha de cerveja preta e dizem-me que ‘tou magrinho?! Mas almocei e gostei daquele bocadinho.

Despeço-me, pois tenho um encontro com uns amigos que há muito não os vejo. Não sem antes de receber uma pequena caixa de cartão que dizia “Boxer”. Ainda pensei que me estavam a oferecer uma qualquer edição especial do meu álbum de referência em 2007, dos The National. Afinal eram mesmo uns boxer’s.
- “Isto é para quê?”
- “Então não sabes que tens de estrear roupa interior azul no ano novo?”
- “E então não sabes que não ligo a essas superstições estúpidas? Só para chatear vou vestir umas boxer’s pretas no ano novo.”

Pouco depois, encontro-me com os tais amigos. Tomaram juízo, dizem. Agora são casados e pais de filhos. Passamos ali umas horas na palhaçada.

A conversa tinha de começar, claro, com a clássica pergunta:
- “Então passas a PA connosco?”
- “Não. Não quero sair de Lisboa.”
- “Epá! És um cortes.”
- “Cag*** não vou sair de Lisboa, já disse.”

Quer-se dizer, esta malta se é para tomar um copo num qualquer dia de semana, dizem-me sempre que não podem. Ora é por causa do puto, ora é por terem de acordar cedo, ora é por não terem dinheiro, ora é por estar frio, ora é pela unha do dedo mindinho estar encravada. Mas se é para passar a PA num desterro qualquer já estão prontos para isso. Dasse… mer** para a PA.

A divagação continuou. E falou-se de tudo. Futebol, música, mercados bolsistas, política internacional ou do assassinato da Benazir Butho no Paquistão. Têm pena da mulher, dizem-me. Até meteram uma mensagem no MSN de condolências.

Eu também tenho tanta pena que lhe deixo aqui a minha mensagem de condolências:

“Bena Bena Bena,

Estarás para sempre no meu coração.

Estás no céu a comer papas Maizena,

Cuidado… não te dê uma congestão.”


Quando será que as pessoas abrem os olhos e percebem de uma vez por todas que religião é tão só um instrumento que o demónio inventou, para que nos matemos todos uns aos outros?


Falam-me depois de uma nova máquina de fazer pão.

Olha-me para estes também! Já não basta a progenitora, os colegas mais velhos do trabalho, e vêm-me estes também com a conversa do fazer pão em casa…

Não gosto de máquinas de espécie alguma. Não as percebo. Encolhem-me a roupa, queimam-me o jantar, avariam-se quando menos espero e fazem-me perder os contactos telefónicos.

- “Já tens?” Perguntam-me.
- “Para que quero eu uma máquina de fazer pão em casa?”
- “Podes acordar de manhã e tens o pão quentinho em casa. Nem tens de tirar o pijama.”
- “Pois posso. Mas também posso acordar de manhã, lavar os dentes, descer o elevador, subir a avenida e ir à padaria compra-lo e sem me dar ao trabalho de o ter de fazer.” (convêm também vestir qualquer coisa. Acho que fazia má figura se aparecesse na padaria só de boxers.)
- “Mas podes fazer todo o tipo de pão. Integral, de mistura, de centeio, de açúcar, de batata…”
- “... de Couves. Epá! Na gosto cá dessas mariquices. Só como a tradicional carcaça. E se possível com uma bifana, mostarda e a escorrer a molhanga para fora do prato.”
- “E podes por sementes em cima do pão.”
- “Car***** pá! Isto é no mínimo abichanado. Além disso as sementes ficam encrostadas nos dentes. E já não tenho a minha unhaca para palitar os dentes.” (tenho de encomendar o Encapsulador de dedo mindinho logo que possa.)

Já estava quase a anoitecer e ainda estava um nevoeiro cerrado. O meu mote de despedida, dá-se quando começam a dialogar com o puto:

- “Oláaaaaa. Oláaaaa. Xibibi nhunnhu. Renhónhó. É a mamã! É! É pois!”

O diálogo prosseguiu por alguns minutos. Não conheço aquela linguagem. Talvez um dia venha a perceber. Não tenho jeito para miúdos embora goste desses diabretes. Mas o certo é que acho esses diálogos um pouco… vá… estúpidos.

Todas as nossas conversas foram dementes. E ainda bem. Acho que me fez bem à alma, estar ali, por muitas vezes calado, a escuta-las com toda a atenção. É sinal que todos estão bem e iguais a si próprios.

Deixo a Suburbano-Depressividade e regresso durante o lusco-fusco de fim de tarde. O nevoeiro praticamente não existia deste lado.

A ironia de tudo isto, é que chego a casa, com fome, e não há nada para o lanche. A padaria também já não tem nada. Lá tenho de ir ao supermercado mais próximo e esperar 15 min na fila só para pagar uma saca de pão.

6 comentários:

Maura disse...

Ahahah apesar dessa lição de vida ao fim de tarde, não compres a máquina de fazer pão! É uma grande treta! Para além de demorar no mínimo uma hora a fazer o pão, se a programares para começar a fazê-lo uma hora antes de acordares, sabes o que acontece?... Acordas logo com o barulho que a máquina faz!
Isto aconteceu-me um dia que dormi em casa de um amigo que tem uma. Disse-lhe "Não volto a dormir mais aqui nestas condições. Ou ela ou eu!" - Acho que ele preferiu o pão :\

Nunca tive lingerie azul, mas PAC, se for aquele azul cueca é bonito! Lol

PAC disse...

epá oh Maura! Meteste a pessoa entre a espada e a parede e ele preferiu o pão? LOL

Isto agora há máquinas para tudo e para nada. Há máquinas para cozer ovos! Ou para aquecer pacotes de leite! (nota que não é aquecer o leite. é aquecer TODO o pacote de leite)

Não digo mesmo nada jeito por aqui :)

Nuno 'Azelpds' Almeida disse...

epa lol, muito bom. E a história das cuecas azuis é sempre assim. "bla bla, é para entrares de pé direito no ano novo".

*hmm ok, mas porque é que têm de ser azuis? e porque não, sei lá, fazer antes um corte de cabelo radical ou isso, tipo vida nova e essas tretas todas. Porquê cuecas?*

"mas porque é que tens sempre de complicar tudo?"

*.......*

A cena dos miudos por acaso dá sempre que pensar, tipo parecer que estamos a estupidificar a criança com uma linguagem marada, e em que depois vês ela a olhar para ti com uns olhos tipicos "wtf?"

mas tendo em conta a linguagem peculiar que tenho com a minha gata por exemplo, até entendo as figuras que se acabam por fazer sem darmos conta sequer.

E com isto tudo, hora de arranjar uma sandes, apesar das padarias deixarem muito a desejar na maioria dos casos. :p

Anónimo disse...

Deixo uma pergunta filosófica, neste final de noite, que mais pareceu um filme, do que outra coisa:

Porque é que os nossos pais dizem sempre que estamos magrinhos???? :p

p.s. Se quiserem fugir à policia, façam o favor de contactar a sister M & and myselzinha, promessas de métodos inovadores....Segue-se mesmo um curso de teatro! LOL

Outro p.s. Sushi, abeira-te nós! Os nossos sovacos são modernos conhecem o Roll-one :D!

lowfiptara disse...

pac,
corrige lá aquele erro de semântica, que me está a fazer confusão:

"pois tenho um encontro com uns amigos que há muito não os vejo"

esse "os" está aí a mais, pá.

PAC disse...

pete: sê bem aparecido. há muito que não O vejo. ;)