domingo, fevereiro 03, 2008

Como lidar com o presente quando o passado é presencial?

15 comentários:

Anónimo disse...

O passado é sempre presencial pois somos também aquilo que fomos no passado. Se não sabemos lidar com o passado não sabemos lidar connosco.

Lucia disse...

Fazes o que faço. Ignoras o passado.

Anónimo disse...

Seria o ideal ignorar o nosso passado, nalguns momentos da nossa vida. Mas também acho que nos estariamos a negar. Somos o q fazemos pro bom e pro mau!

Maura disse...

O nosso passado serviu para construir o que somos agora. Feita a sua função não nos deveria assolar.
É quase como os livros que lemos há muito tempo. Esquecemos muitas palavras e pormenores, mesmo que tenham sido dos livros mais importantes da nossa vida. Mas absorvemo-los tão intensivamente que os diluimos em nós, esquecendo a forma original.
O problema é que por vezes podemos querer reler alguns livros. O que é certo é que nunca nos darão o mesmo prazer que deram da primeira vez.

Mas não liguem muito ao post, foi vomitado aqui depois de uma noite de copos com amigos antigos numa toada saudosista. Muitas coisas me levaram a pôr a questão. Se calhar nem era bem sobre mim...

Lucia disse...

Cada momento é único e digo-te que os momentos que mais me marcaram quando fecho os olhos e me recordo, lembro-me de todos os pormenores, lembro-me de como me sentia, lembro-me do cheiro... chego até me sentir envergonhada. Esses momentos, digo-te Maura, nunca, mas nunca me irei esquecer e podes ter a certeza que me lembro deles todos os dias. Isto no fundo responde um pouco àquela pergunta que me fizeste sobre o post da saudade.

Quanto a livros, não concordo contigo. Sinto sempre um formigueiro quando volto a ler um livro que foi muito importante para mim. Por vezes, lei-o várias vezes seguidas, quase memorizando cada palavra, cada virgula, ma o que me fica mesmo presente, aqui em mim, é o sentimento. Esse sentimento é único. Volto para explorá-lo sempre que posso, até à exaustão. Porém, o formigueiro continua lá.

Para mim as pessoas também são assim. Mas, para não estragar o sentimento que guardei em mim, fico-me pela minha memória e exploro-a também quando preciso de recarregar as baterias.

No meio disto tudo, fico apaixonada quando a pessoa que guardei na memória e a explorei na memória sempre que posso sem nunca me cansar, também sente o mesmo que eu. É avassalador.

LuisElMau disse...

o passado nunca é presente. é passado.
agora, se ele se torna presencial, ou primordial, ou ilusóriamente tangivel, ai temos um problema. já vivi muito tempo da minha vida, no presente a viver o passado, parado, amorfo, no tempo errado, sem ser estar ou sentir.
crescer com o passado é bom, lembrar o passado é bom, ter boas memórias é optimo, sentir que no passado vivêmos e crescemos é divinal, mas viver o passado é doentio, leva à loucura, à aniquilação do presente e por isso da vida. é sempre no presente que estamos vivos.

Anónimo disse...

somos o produto do nosso passado, somado ao que os outros fazem de nós, multiplicado por tudo que que pensamos e sentimos ser, dividido por preconceitos e juizos de valor e no meio de tanta coisa acabamos muitas vezes por nos esquecermos de ser simplesmente.

Anónimo disse...

ElMauNitch, não poderia concordar mais! Estes UDs vêm para aqui falar dos seus receios, sentimentos e do que pensam ser quando provavelmente não sabem ser por não saberem sequer quem são!

Maura disse...

Lúcia, claro que há momentos óptimos de reviver e somos capazes de os sentir quase da mesma forma que da primeira vez. Mas quando pus a questão não me referia a momentos apenas.

Os livros podem dar-me outro prazer quando relidos, mas nunca o prazer da descoberta inicial. Um dos prazeres em reler, para mim, prende-se com o facto de observar a diferença do que me marcou no passado e do que me marca agora, muitas vezes há pontos divergentes.
Já me aconteceu achar uma grande seca um livro que tinha adorado na adolescência. Mas também já me aconteceu o oposto. Nunca foi igual.

El Mau, à medida que aprendo a viver cada vez mais o presente aprendo a ser mais feliz :)

PAC disse...

“(…) Estes UDs vêm para aqui falar dos seus receios, sentimentos e do que pensam ser(…)” by Maurigna ?!

É impressão minha, ou há aqui uma conspiração conjecturada de exaltação pejorativa à condição de UD? Querem lá ver que vai haver tourada?

Anónimo disse...

Como por vezes urge dar resposta e iluminar estas almas incautas, segue a verdade e a razão na forma resumida de não mais de uma centena de palavras iradas:

Os UD's não têm receios de espécie alguma. Têm quanto muito angústias, característica intrínseca à condição do espécime UD.
Não sabem quem são verdadeiramente, sim! Mas acontece que ninguém o sabe. Como tal, é na nossa vivência diária que aprendemos a decifrar um pouco mais de nós mesmos.
No entanto sabemos ser. Tanto mais que os UD's sabem que afinal nada disto tem razão de ser. É o mote aqui deste estabelecimento.

Quanto ao Presente e Passado, tal dicotomia também não tem razão alguma de existir. A linha de raciocínio deverá ser orientada segundo o Futuro Composto.
E porquê aplicar um tempo verbal tão pouco usual? Porque é a única forma de se poder pensar e exprimir num tempo passado em relação a um tempo futuro.

Pelo que, no meio de todas estas invulgares barbaridades aqui escritas por vossas excelências, quais servos que fantasiam num mundo irreal, deduz-se que vós estais equivocados, pois segundo as vossas próprias fantasiosas e presunçosas palavras, vós simplesmente tendes receio. Sim, receio! Receio de não saberem ser... quem são.

E assim Pacotolomeu dixit.

PAC disse...

Tchéee… o que o vinho não faz a uma pessoa.

Ao homem só lhe faltou dizer que o Glorioso é o maior.

Nuno 'Azelpds' Almeida disse...

Eu costumo dizer que o ideal é sempre seguir em frente, mas sem nunca esquecer o passado que nos levou ao presente.

É quase uma espécie de respeito por ele, que tanto pode ir em termos de nós próprios, de música, livros e por aí adiante. De aceitar que é dali, daquele passado, que certas coisas vieram, mas sem cair na tentação de ficar preso a isso, na onda da nostalgia permanente do "naquele tempo é que era".

ethel disse...

Acho a frase genial! Nem me interessa o sentido porque consegues o impossível. (o passado nunca é presente) Uma subtileza marota que é esse domínio da lingua até nos pôe a recordar na ilusão de que o passado assolou o presente. Gostei!
ethel

Maura disse...

Obrigada Ethel, vindo de ti é um grande elogio! :D
E sê bem-vinda ao nosso cantinho UD, gosto de te ver por aqui!