sábado, março 01, 2008

Feromona

Desalento

Não tenho jeito p'ra gerir o património
Nem sou pessoa p'ra aderir ao matrimónio
Tenho uma voz que é mediana e tenho sonhos
Mas sem maneira de atingir dias risonhos
Não tenho os pés no chão mas tenho fantasias
Coisas concretas não conheço e tenho dias
Em que a maneira de acordar é com lamentos
Pois se adormeço com um vazio nos sentimentos

Serei o corpo que finda
Sem ter tido ainda o tempo para ouvir
Alguém que me diga ao certo
Se estará por perto na hora de adormecer

Não tive a sorte de ter tido algum juízo
Tive o azar de ser fadado ao prejuízo
Andei perdido e confiei nas impressões
Mas sei agora o que é errar nas previsões
Fintei por vezes o destino que era doce
Olhei o umbigo e imaginei algo que fosse
Uma grandeza p'ra mim feita por medida
Mas a esperança um dia caiu perdida

Serei o corpo que finda
Sem ter tido ainda o tempo para ouvir
Alguém que me diga ao certo
Se estará por perto na hora de adormecer


Falhei nas contas que fiz p'ra posteridade
Pois usei números que apurei na puberdade
Não criei lendas mas menti e por castigo
Já poucos crêem nas verdades que hoje digo
Não tenho pressa de chegar a sítio algum
Olho o futuro e não vejo lugar nenhum
Onde as certezas que aprendi tenham um preço
E as coisas certas que eu vivi lá no começo
Tenham valor


Esta é o poema-letra de uma das músicas que mais me surpreendeu nos últimos tempos. É dos Feromona e ontem dei por mim a sorrir de espanto e entendimento ao ouvi-los tocar este tema.
O álbum sai dia 8 de Março e haverá festa de lançamento (onde lamentavelmente não poderei estar) na Fábrica da Pólvora.

Ontem também foi dia de fábrica, mas desta feita a de Braço de Prata. Os concertos de Feromona parecem estar fadados a não acontecer. Há umas semanas sofremos uma frustração por o concerto ter sido cancelado, e qual não foi o nosso espanto quando ontem chegámos à Fábrica e ninguém lá no sítio sabia a que concerto nos referiamos... Apesar de termos que nos deitar cedo esta noite, fincámos pé e não saimos de lá enquanto não os vimos tocar.

Entretanto tivemos o nosso concerto particular quando um dos nossos UDs se acerca do piano e nos faz viajar para longe durante algum tempo até a sede se apoderar dele e preferir voltar ao bar... Se os Feromona não tocassem a noite estava ganha por este momento!

Os pobres Feromona tiveram que esperar que uma banda de jazz (por sinal bastante apelativa, pelo que nos foi dado ouvir nos momentos em que ainda iamos ao corredor fumar, aliás, arejar!) acabasse de tocar para subirem ao palco. O que é certo é que o concerto estava agendado para as 23 horas e começou depois das 2 horas da manhã!

Que lição tirámos desta espera? Que vale a pena esperar se for por este trio desfalcado! Foi um concerto simples mas muito mágico, acolhedor e intenso! Desfalcado porquê? Porque o baterista, Marco Armés, foi vítima de violência bairro-altista que o deixou com uma clavícula partida, não podendo tocar, pelo que o concerto foi acústico com o baixista, Bernardo Barata, e o guitarrista/vocalista Diego Armés. Inusitadamente apareceu o Marquês de Borba ao piano, mas escapou-se-me dos ouvidos...

Confesso que temi pelo concerto que aí vinha e creio que o Bernardo Barata também tinha os seus temores pois disse mais de várias vezes que se iriam "espalhar ao comprido"! Coisa que não aconteceu! Até a tentativa falhada de porem o público a tocar e fazer barulho com os pés para substituir a bateria acabou por ser um momento cheio de humor e folia! - E por falar em folia, os coros de Bernardo Barata na cover de Mão Morta, Budapeste, foram hilariantes!

O concerto foi único, eles são excelentes pessoas, bons músicos, o Bernardo Barata tem bom sentido de humor, e têm um poeta a escrever as letras, Diego Armés! Os Feromona chamaram-me inicialmente a atenção pelas letras e só depois pela música em si. O Diego brinca com as palavras de tal forma que é capaz de fazer frente a um Jorge Palma ou até mesmo a um Sérgio Godinho, só precisa de viver mais!

Não quero também deixar de dizer que há quem o compare a Manel Cruz de Ornatos Violeta (também achei que poderia ter influências) mas em momento algum durante o concerto me lembrei do Cruz, o que me leva a crer que quem faz essa comparação nunca viu Feromona ao vivo!

Vejam assim que possam - é a banda revelação (para mim). Aguardo pelo álbum e por um concerto sem Marquês de Borba e com Marco Armés na bateria, apesar de este acústico ter sido inesquecível!

12 comentários:

LuisElMau disse...

Foi assim mesmo Maura.
Só conhecia cinco músicas deles e há pouco tempo, fui um dos que sentiu alguma parecência com o vocalista de ornatos, as letras chamaram-me a atenção.
Ontem gostei muito, existe muito talento e simplecidade ali, a certa altura uma felicidade muito boa pairava em mim, existe gente a escrever muito bem e a criar, a partilhar beleza. Foi muito bom.
Ontem na fábrica não foi como no sonho do coliseu escrito numa das letras, ontem todos pediam encore.

Balada do Encore - Feromona

"(...)
e o vocalista que era sensível à dor
ao ver o amor a definhar
forçou a voz e um sentimento com valor
soou maior
e o coliseu... gelou sem respirar
ninguém pedia o encore"

Maura disse...

Foi mesmo isso, El MAu, pairava uma felicidade muito boa no ar! Acho que estive a sorrir o tempo todo, já nem me lembro da última vez que isso me aconteceu! *

Estou em pulgas para comprar o álbum!

PAC disse...

Valeu a espera. Valeu por os outros concertos cancelados.
Mas que belissímo concerto acústico às 2:00h

São de uma grande simplicidade, humildade e disponibilidade para o público. Aliás, pareciam tão somente estar a tocar para meia-dúzia de amigos, daí a actuação ter resultado tão bem mesmo estando desfalcados.

Eu cá fui um dos que me lembrei das composições de Manuel Cruz. Diego Arnés é também um poeta, mas não é o única naquela banda. Oiçam as músicas de Bernardo Barata a solo que também é senhor para compor letras fenomenais.

Acho que assim todos vão longe.

Anónimo disse...

Estava com um muito sono...valeu mesmo a pena a espera!

Parecia que nos conhecíamos todos, há muito tempo! De repente, imaginei-me na casa de alguém, onde aqueles 2 amigos tinham compararecido para partilhar as 'últimas'!

Sorri muito....eles são de uma humildade tremenda, até assusta! Classifico com 'Especial'!!!!

bissous :)

p.s. um bissou especial para o UD Peter - fiquei fã do Diego, vá lá saber-se pq ;) tem um brilho naqueles olhos, Jesus Maria! Seria do Marquês de Borba???? :p

Anónimo disse...

Q fixe!! Não os conheço muito bem, mas estou cada vez mais curiosa!!Lou Rhodes foi bom, mas foi quase igual à apresentação do album na fnac...

Giselle disse...

Adoro Feromona, as letras do Diego são de facto fantásticas, infelizmente nunca tive oportunidade de os ver ao vivo,
mas ja tenho um em vista :)

Não conhecia o blog, Partilho dos mesmos gostos musicais :)

- *

Anónimo disse...

Para mim são a banda revelação mas de 2007! Prevejo um excelente futuro para feromona. Bem como os projectos a solo do Bernardo e Diego.
Parabéns a eles!

Maura disse...

Patty, ainda bem que gostaste da Lou, devias era ter ido de seguida à Fábrica, ainda ias a tempo de ver o melhor concerto da tua noite ;)

Descobre-me, sê bem-vinda ao blog UD. Se partilhas dos mesmos gostos musicais aqui do cantinho UD, aparece sempre e manifesta-te!
Quanto aos Feromona, não percas a oportunidade de os ver, aproveita já no próximo sábado. Tenho muita pena de não estar em Lisboa, senão estaria lá sem dúvida alguma!

Hemperior, sê bem-vindo também! Concordo plenamente contigo, os Feromona são a banda revelação 2007! Espero que o futuro lhes seja mesmo risonho. Ainda tenho que ir conhecer os projectos deles a solo.

Ana disse...

hey, pelo post em homenagem a feromona =)
Desconhecia a existncia deste blog, mas pronto o Pedro fez o favor de mo mostrar.
Passarei a leitora assidua pode ser?

(menina que se auto-apresentou no concerto na fabrica do braço de prata) ;)

lowfiptara disse...

faltava o coment do pete, não era?
eu dizia um monte de coisas sobre essa noite.
O que mais gostei (antes de chegar a casa) foi quando ia buscar a letra do Desalento e o elmau já a tinha levado.

Maura disse...

Fauno, acho bem que passes a leitora assídua e participativa aqui do blog UD ;)
Sê bem-vinda!
Nem sempre há inspiração para escrever e às vezes sai muita palermice, mas aparece sempre!
Já agora, desculpa nem me ter despedido de ti, estava um pouco taralhoca e anestesiada com a dose de poesia e música que os Feromona nos deram!

Pete, faltavas cá tu, sim! Olha que não foi o El Mau que levou a letra do Desalento, fui eu mesma! Aliás, das músicas que não conhecia essa foi a minha preferida e mal acabaram de a tocar disse logo ao El Mau "no fim quero ir buscar esta letra" - devia era tê-las trazido todas, mas pelos vistos vocês seguiram a minha ideia e roubaram as letras todas aos miúdos! Lol Que devastação!

Anónimo disse...

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