sábado, março 08, 2008

Feromona VS Mão Morta

Para quem se encontra por Lisboa, a sugestão urbano-depressiva indica que devem rumar a Barcarena, mais propriamente à Fábrica da Pólvora para assistirem a um concerto/festa de lançamento do álbum dos Feromona (finalmente!!!)

Para assinalar este momento especial cá vai mais uma letra de um tema deles:

As Unhas

Crava bem fundo as unhas
Concentra-te e faz explodir
Tudo o que o dia deu se amontoa
Nesta hora de dormir

Vai debaixo do tapete a ver se eu chego
Vai à janela espreitar se o mundo está
Verás sangue e verás medo e é aí que eu estou
O teu príncipe imperfeito a destruir tudo o que é dor

E se isto tudo te faz tanto sentido
E se eu definhar no quarto sem amor
Vai à janela gritar que o mundo acabou
O teu príncipe imperfeito aniquilou todo o esplendor

Crava bem fundo as unhas
Concentra-te e faz explodir
Tudo o que o dia deu se amontoa
Nesta hora de dormir
A faca na mão
Materna tua mão
O sangue nas mãos e a
Faca no chão

Se os teus olhos dizem que eu estou vivo ainda
Dentro em breve serei só recordação
Vai p’rá cama, deixa que os sonhos façam de mim
O teu príncipe encantado em vez de um fraco chegado ao fim



Para quem se encontra mais a norte (o caso de alguns de nós este fim-de-semana), o alerta vermelho tem o seu vértice no Teatro Viriato em Viseu onde os Mão Morta apresentam o espectáculo Maldoror, espectáculo este baseado no livro Os Cantos de Maldoror de Isidore Ducasse, Conde de Lautréamont. Impossível fazer qualquer previsão do que irá acontecer nesta noite.

Dependendo do estado de espírito com que sairmos deste concerto/encenação, talvez Maldoror nos leve até ao Baile dos Vampiros do Fantasporto para pormos em prática alguns dos terrores que esta temerosa personagem nos ensinará...

Excertos dos Cantos de Maldoror:

Maldoror foi bom nos seus primeiros anos, em que viveu feliz; está dito. Reparou depois que tinha nascido mau: fatalidade extraordinária! [...] até que, não podendo mais suportar tal vida, se atirou resolutamente para a carreira do mal... doce atmosfera!

[...]

Há os que escrevem para procurar os aplausos humanos, por meio de nobres qualidades que a imaginação inventa ou que até podem ter. Eu não, uso o meu génio para pintar as delícias da crueldade!

[...]

Fiz um pacto com a prostituição para semear a desordem nas famílias.

[...]

[...] em todos os séculos o homem se julgou belo. Por mim, creio antes que o homem só por amor-próprio acredita na sua beleza, mas que não é belo de verdade, e o suspeita; se não, porque olha ele com tanto desprezo o rosto do semelhante?

[...]

A mim mesmo perguntei por vezes que seria mais fácil de conhecer: a profundidade do oceano ou a profundidade do coração humano?

[...]

A minha poesia não consistirá senão em atacar por todos os meios o animal feroz que é o homem, e o Criador, que nunca deveria ter engendrado semelhante escória.

[...]

Não experimentei com este assassínio tanto prazer como se poderia julgar; e isso precisamente porque estava saciado de matar, e já o fazia agora por simples hábito, sem o qual não se pode passar, mas que provoca apenas um ligeiro gozo.

[...]

Recebi a vida como um ferimento, e não deixei que o suicídio sarasse a cicatriz.

2 comentários:

Ana disse...

infelizmente, segundo a minha fonte (que eu considero, vá..credivel), ainda não é hoje o lançamento do CD de Feromona, embora haja um concerto deles em acustico..e de Tv Rural.
Será pois o aniversário da editora Catadupa!

Maura disse...

Ora porra!!
Não me digas que ainda não é desta que compro o álbum de Feromona :(
Parto difícil! Tem que ser tirado a ferros...
No entanto espero que tenham dado um concerto excelente no sábado.