quinta-feira, agosto 07, 2008

Rayuela

Trabalho de casa para as férias:
Como tem havido queixas de que não se passa nada neste blog, não havendo por conseguinte nada para fazer (treta!), cá vai um trabalho de casa para todos os frequentadores. Em baixo encontra-se transcrito integralmente o capítulo 68 do livro que ando a ler (e diga-se de passagem que me anda a absorver completamente). Quero que o
traduzam, interpretem, dêem significado, expliquem, desconstruam, enfim... digam de vossa justiça acerca dele. Assim de repente só consigo distinguir nesta algaraviada termos aparentemente ligados à fauna e sobretudo à flora, sendo o único momento óbvio a evocação do deus Baco!
Divirtam-se e boas férias!


«Mal ele lhe amouvava o noema, o clémiso acumulava-se nela e os dois caíam em hidromúrias, em selvagens ambónios, em sústalos desesperantes. Sempre que ele tentava relamar os incupelos, perdia-se numa grimúria queixosa e tinha que inrolver-se com a cara contra o nóvalo, sentindo como as arnilhas se iam espelhunando pouco a pouco, apeltroando-se e reduprimendo-se até ficarem esticadas como o trimalciato de ergomanina sobre o qual se deixaram cair umas fílulas de cariacôncia. E no entanto aquilo era apenas o princípio, porque a certa altura ela tordulava-se os hurgálios, permitindo que ele aproximasse suavemente os seus orfelúnios. Assim que se entreplumavam, algo como um ulicórdio encristorava-os, extrajustava-os e paramovia-os, de repente surgia o clinão, a esterfurosa convulcante das mátricas, a jadescorrente nabocaplúvia do orgúmio, os espróemios do merpasmo numa suprahumítica agopausa. Evohé! Evohé! Volpousados na cresta do murélio, sentiam-se balparamar, porlinhos e márulos. Tremia o troc, venciam-se as marioplumas, e tudo se resolvirava num pínice profundo, em niolamas de gases argutensos, em carínias quase cruéis que os ordorreavam até ao limite das suas gúnfias.»

11 comentários:

i scream disse...

Oh maura, que raio de pornografias andas tua a ler?!? esta história do acordo ortográfico vai obrigar-me a voltar à escola... Evohé, Evohé!

Anónimo disse...

Por enquanto gosto da palavra gúnfias!! Tenho de ir ver o que é.

su disse...

'em niolamas de gases argutensos, em carínias quase cruéis que os ordorreavam até ao limite das suas gúnfias'

O que serão gases argutensos? Aqueles aparecem, depois de comer castanhas no s.martinho, em casa da Amelinha! :)

Parece-me uma excelente leitura, pena que não tenha a palavra 'Regabofe' :P

Bissous

Maura disse...

Lol Su, tenho que escrever mais vezes sobre gases para tu te manifestares!
Tenho que ver se arranjo umas piadas escatológicas! Mas tens um post para ti no blogdospatafurdios ;)

Patty, não podes ver só gúnfias, tens que ver mesmo tudo!

iscream, vejo que interpretaste este texto como sendo pornográfico! Também pensei nisso em certo momento mas ainda tenho as minhas dúvidas. É certo que noutro capítulo deste livro encontrei a mais bonita descrição de uma relação sexual que já alguma vez li. No entanto, este capítulo não me parece ter totalmente a ver com isso.

Evohé!

Lucia disse...

Diria ser um belo momento descritivo entre um 'ele' e uma 'ela' onde não há principio nem fim.

Na verdade considero que seja um bonito jogo de palavras que não percebi nada mas que me deu para imaginar muita coisa. hehe

dj duck disse...

Excelente jogo de palavras!
Beijos
dj duck

Anónimo disse...

LOL Não foi por acaso que falei no outro post do jogo da macaca em cima da tua cama! Rayuela em cima de qualquer cama, mesa, ou outro local onde se possa rabiscar os quadrados e lançar a pedra. Quem chegar ao céu, pode gritar evohé!

Descobriste, então, este grande senhor? Olha já nem me lembrava dele, embora tenha lido o livro há muitos anos, durante a minha "universidação". Acho que escohi a leitura, seguindo o conselho do escritor. Agora fiquei com vontade de o ler de outra forma. Esta linguagem inventada tem um nome, mas já não me lembro...
Quanto à interpretação... Bom, isso queres tu, puxares pelas nossas brandas e pudicas línguas, não é? Vê lá se te lembraste do Lewis Carroll que tb tem umas coisas em linguagem inventada? Não, foi logo deste livro e capítulo! Sabes muito!
A musicalidade das palavras lembra-me uma canção em islandês, o encontro entre um ela e um ele em zonas de frio intenso, perdidos na neve, resolvem aquecer-se para sobreviver à morte que os aguarda. Arranjam a melhor forma para se aquecerem e, quando vislumbram um helicóptero, gritam: evohé, evohé!
Pode ser ao som dos Sigur Rós ou dos Múm :)
Acho que vou em demanda do livro, porque tinha fotocópias, mas era do original e já nem sei que fiz a isso. Bela escolha, Maura!

Maura disse...

:) Pois é, descobri o Cortazar e foi das melhores surpresas dos últimos tempos! Não me lembro de alguma vez ter ouvido falar dele até a Cavalo de Ferro publicar esta edição.

Eu emprestava-te o meu, mas não posso, já tem rabiscos e sublinhados suficientes para me exporem mais do que gostaria ;)

Gíglico é o nome da linguagem. Parece-me tão facilmente perceptível que me faz, numa primeira abordagem, questionar se cada linguagem tem assim tanta importância. Parece que somos capazes de nos entender com palavras inventadas por outros e desconhecidas para nós. Claro que há formas e regras linguísticas que se mantêm, o que deita por terra qualquer ideal de não-linguagem... Mas sobre isso haveria muito a dizer.
Sigur Rós são outros que inventaram a sua própria língua, mas não me ocorreu essa associação. Nem sei se me faz muito sentido ouvir Sigur Rós ao ler Cortazar. Ao contrário de ti leio-o de forma menos fria.

Em relação à tua conversa sobre a macaca, tudo está interligado, minha amiga, nada acontece por acaso nem de forma aleatória, não é?

dj duck disse...

Os acasos são bons ou não?

Maura disse...

Depende do ponto de vista.

Tens aqui um bom exemplo de um acaso feliz para muitos, mas trágico para outros.

dj duck disse...

Obrigado!
Bjs
dj Nuno duck